Políticas públicas e mudanças institucionais: as trajetórias dos agricultores familiares nas atividades de processamento de alimentos no Rio Grande do Sul – Brasil
DOI:
https://doi.org/10.17058/redes.v25i3.12164Palavras-chave:
Instituições. Agricultura Familiar. Políticas Públicas. Atividades de Processamento de Alimentos.Resumo
A partir da década de 1990, as atividades de processamento de alimentos começaram a sofrer modificações, estimuladas pelo contexto político-governamental, que induziu novas formas de produção e comercialização no âmbito da agricultura brasileira. Dentre tais mudanças, várias políticas públicas foram desenvolvidas com a finalidade de regrar a produção, o processamento e os mercados dos alimentos da agricultura familiar. Apesar dos avanços nas discussões sobre os efeitos das políticas públicas nessa realidade, há lacunas para compreender em que medida elas influenciam as formas como as famílias interpretam e conduzem tais atividades. Para tanto, este artigo teve como objetivo analisar o papel que os programas e as políticas públicas exercem no processo de mudança institucional nas atividades de processamento desenvolvidas pela agricultura familiar. A pesquisa foi realizada em quatro regiões do Rio Grande do Sul (Coredes: Hortênsias, Jacuí Centro, Sul e Vale do Rio dos Sinos). Foram entrevistadas 64 famílias (agricultores familiares) que processam alimentos, utilizando um formulário semi-estruturado, diários de campo e observações. Para a análise dos dados, foram utilizadas as técnicas análise de conteúdo e escala likert. As famílias foram divididas em 4 grupos (trajetórias), que mostram as diferenças nas formas como iniciaram e modificaram tecnicamente as suas atividades de industrialização. Neste contexto, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foi considerado como a política pública que influenciou a ocorrência de mudanças institucionais, identificadas pelas novas técnicas no ambiente da produção e pelas inovações nas relações de mercado. Tais mudanças são explicadas pelo processo de operacionalização dessa política pública, que demanda novas formas de planejamento produtivo das propriedades, além da organização social e coletiva para atender os contratos de comercialização.Downloads
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