Colocar-se na obra literária: uma leitura dos que estão à margem

Autores

  • Ísis Lopes de Almeida Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)
  • Eunice Terezinha Piazza Gai Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

DOI:

https://doi.org/10.17058/signo.v45i82.14220

Palavras-chave:

Hermenêutica, empatia, alteridade, personagens literárias

Resumo

Neste trabalho, desenvolvemos a ideia de que a filosofia hermenêutica contempla uma atitude moral de empatia, de colocar-se no lugar do outro, através da leitura do texto literário. Sob essa perspectiva, discorremos acerca da situação de opressão de duas personagens ficcionais – Popróshin, de “Diário de um louco”, narrativa de Nikolai Gógol, e o louco do Cati, da obra de mesmo título de Dyonelio Machado. Os seres humanos apresentados nestas histórias são levados à loucura por realidades sociais opressoras, injustas e violentas, o que sensibiliza o leitor. Consideramos que, ao debruçar-se sobre as questões da natureza humana, a hermenêutica aponta para as possibilidades que o ser tem de existir e permite ao intérprete a oportunidade de outrar-se na construção da compreensão, ampliando seu horizonte de sentidos. Tal ponto de vista interpretativo requer que o leitor se coloque na obra para poder escutá-la, já que o que é pesquisado não se separa daquele que pesquisa. Assim, como aporte teórico, baseamo-nos nos pressupostos da filosofia hermenêutica, sobretudo de Hans-Georg Gadamer e de Ernildo Stein, nas ideias concernentes ao tema da tradução de Jacques Derrida, além de autores que possam contribuir para uma reflexão acerca da violência e da loucura.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ísis Lopes de Almeida, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

Mestre em Letras pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC - bolsista CAPES), linha de pesquisa em Estudos literários e midiáticos, com dissertação desenvolvida sobre a obra do escritor russo Nikolai Gógol, entitulada "Humorismo e epicidade em Almas mortas e Tarás Bulba", sob orientação da professora Eunice Piazza Gai. Cursou a graduação em Letras - Português/Inglês na mesma instituição, também pesquisando e escrevendo sobre Gógol. Participou como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID UNISC), construindo experiências significativas na área da leitura e cognição através de projetos realizados em escolas públicas de Santa Cruz do Sul. Tem interesse nas áreas da Literatura Russa e dos estudos hermenêuticos.

Eunice Terezinha Piazza Gai, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)

Possui graduação em Letras pela Faculdade Portoalegrense de Educação Ciências e Letras (1977), mestrado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1986) e doutorado em Letras - Teoria Literária - pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1996). Foi professora adjunta da Universidade Federal de Santa Maria (1996). Atualmente é professora titular da Universidade de Santa Cruz do Sul, com pesquisa e orientações no Programa de Pós-Graduação em Letras da mesma Universidade. Tem experiência nas áreas de Letras e Filosofia, com ênfase em Teoria Literária, Hermenêutica, Ceticismo, atuando principalmente nos seguintes temas: narrativas e conhecimento, literatura portuguesa, Machado de Assis, narrativas brasileiras contemporâneas, ironia.

Referências

BEZERRA, Paulo. O laboratório do gênio. In: DOSTOIÉVSKI, Fiódor. O duplo: poema petersburguense. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: 34, 2013.

CAGGIANI, Ivo. João Francisco: a Hiena do Cati. 2. ed. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1997.

CAVALIERE, Arlete. Reflexão crítica. In: GÓGOL, Nicolai. O nariz e A terrível vingança. Tradução de Arlete Cavaliere. São Paulo: Max Limonad, 1986.

CAVALIERE, Arlete. O inspetor geral e o espelho invertido. In: ______. Teatro russo: Percurso para um estudo da paródia e do grotesco. São Paulo: Humanitas, 2009.

DERRIDA, Jacques. Torres de Babel. Tradução de Junia Barreto. Belo Horizonte: UFMG, 2002.

GADAMER, Hans-Georg. Ler é como traduzir (1989). In: ______. Hermenêutica da obra de arte. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

GÓGOL, Nikolai. Diário de um louco. In: ______. O capote e outras novelas. Tradução de Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1990.

FOUCAULT, Michel. História da loucura na idade clássica. Tradução de José Teixeira Coelho Netto. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1997. Coleção Estudos.

FREUD, Sigmund. Conferência XVIII: Fixação em traumas – O inconsciente. In: ______. Obras psicológicas completas: Conferências introdutórias sobre psicanálise – parte III. Tradução de José Luís Meurer. Rio de Janeiro: Imago, 1969. v. XVI.

MACHADO, Dyonelio. O Louco do Cati: (aventura). 5. ed. São Paulo: Planeta do Brasil, 2003.

NESTROVSKI, Arthur; SELIGMANN-SILVA, Márcio (Orgs.). Catástrofe e representação: ensaios. São Paulo: Escuta, 2000.

PALMER, Richard. Hermenêutica. Tradução de Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Lisboa: Edições 70, 2011.

SANTOS, Roberson Rosa dos. Diário e delírio na caverna do ciclope. In: SOUZA, Ricardo Timm de; et al. (Orgs.). Literatura e psicanálise: encontros contemporâneos. Porto Alegre: Dublinense, 2012.

STEIN, Ernildo. Aproximações sobre Hermenêutica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996.

ŽIŽEK, Slavoj. A disciplina entre duas liberdades: loucura e hábito no idealismo alemão. In: GABRIEL, Markus; ŽIŽEK, Slavoj. Mitologia, loucura e riso: a subjetividade no idealismo alemão. Tradução de Silvia Pimenta Velloso Rocha. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

ŽIŽEK, Slavoj. Violência: seis reflexões laterais. Tradução de Miguel Serras Pereira. São Paulo: Boitempo, 2014.

Downloads

Publicado

2020-01-06

Como Citar

Almeida, Ísis L. de, & Piazza Gai, E. T. (2020). Colocar-se na obra literária: uma leitura dos que estão à margem. Signo, 45(82), 35-46. https://doi.org/10.17058/signo.v45i82.14220

Edição

Seção

PPGL Unisc: 15 anos de pesquisa em leitura