Por entre lágrimas e rastros de sangue: as dores e angústias representadas pela violência contra a mulher em olhos d’água, de Conceição Evaristo
DOI :
https://doi.org/10.17058/signo.v45i82.14360Mots-clés :
Violência contra a mulher. Olhos d’água. Conceição Evaristo. Contos brasileiros.Résumé
Segundo as fontes midiáticas atuais, como jornais e redes sociais, aos três dias do mês de fevereiro de 2019, já haviam sido contabilizados 109 casos de feminicídios no Brasil. Nesse sentido, se as mazelas do patriarcado ainda eram motivo de discussões e dúvidas para a sociedade, com tais situações fica evidente que nós mulheres ainda somos reféns de um grupo que vê e materializa a mulher como um objeto, jamais como um sujeito, nos tornando, assim, parte das minorias excluídas pelo patriarcado. Para tanto, relacionar esse tema com a literatura brasileira torna-se uma ferramenta de resistência. Ferramenta essa que é capaz de levar para todos os espaços e para todos os grupos sociais a voz e as histórias de mulheres que tiveram a vida marcada por dor, violência e sofrimento. Conceição Evaristo, em grande parte do seu acervo literário, faz questão de representar, através de suas personagens, as histórias dessas mulheres. Assim, o objetivo desse estudo é identificar por quais tipos de violência física passam as personagens apresentadas em Olhos d’água (2014). Metodologicamente, foram analisados excertos da narrativa que reforçam o que já foi mencionado por Beauvoir, Butler, Spivak, Bourdie, Scott, Freyre, Tiburi, entre outros, sobre violência contra mulher, desigualdade de gênero, discriminações raciais e patriarcalismo, visto que não há como desvincular tais temáticas do tema central. Por fim, conclui-se que como nessa pesquisa a mulher é vista como vítima, afirma-se que das personagens apresentadas pela autora e selecionadas para o estudo, todas sofrem algum tipo de violência.Téléchargements
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