Um estudo sobre aspectos musicais e a paisagem sonora de Os sinos da agonia, de Autran Dourado

Auteurs-es

Mots-clés :

paisagem sonora, música, literatura, Autran Dourado

Résumé

Este trabalho trata da influência que elementos musicais podem exercer na prosa literária. Analisamos o romance Os sinos da Agonia (1974), do escritor mineiro Autran Dourado, e buscamos demonstrar como o recurso a referências musicais e sonoras desempenha um papel importante na estruturação da narrativa, participando da ambientação e da caracterização de personagens. Para tanto, fundamentamo-nos na obra de Solange Ribeiro de Oliveira (2002), pesquisadora que se dedica ao estudo das relações entre música e literatura e apresenta o conceito de “metáfora musical”, caro à realização deste trabalho. Além disso, empregamos o conceito de “paisagem sonora”, cunhado por Raymond Murray Schafer (2011) e introduzido por Gérson Werlang (2011) no âmbito da teoria literária. Ao se referir ao nosso ambiente acústico, isto é, o conjunto de sons que integram o nosso cotidiano, Schafer (2011) afirma que um evento sonoro pode carregar uma simbologia e atuar de modo específico sobre o inconsciente humano. Assim, cremos que, no referido romance, os sons e a música estabelecem uma relação significativa com as personagens e com o ambiente que as cerca, operando como um leitmotiv no desenvolvimento da narrativa.

Téléchargements

Les données sur le téléchargement ne sont pas encore disponible.

Bibliographies de l'auteur-e

Alcides Campos Gonçalves, Universidade Federal de Santa Maria

Bacharel em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria (2019). Discente, em nível de Mestrado, do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria (Área de concentração: Estudos Literários; Linha de pesquisa: Literatura, Cultura e Interdisciplinaridade.

Gérson Luís Werlang, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Possui graduação em Música pela Universidade Federal de Santa Maria (1995), Especialização (Pós-graduação Lato Sensu) em Educação Musical (Universidade de Passo Fundo - 1998) e Mestrado em Música - Guitar Performance - University of Miami (1999). Atuou como professor na Universidade de Passo Fundo, de 1995 a 2015, nas áreas da Música (Licenciatura e Bacharelado) e Letras, como docente do Programa de Pós-Graduação. Tem experiência na área de Artes e Letras, com ênfase em Música. É doutor em Letras - Estudos Literários - Universidade Federal de Santa Maria, na área de Literatura Comparada, com tese que compreende as áreas de Música e Letras. Mantém pesquisas nas áreas de criação da canção, composição e em interfaces entre a música erudita e popular, história do rock, contracultura, música e literatura e produção musical. Estuda as possibilidades educacionais da música popular, particularmente o rock, nas escolas. É Pós-Doutor em Letras-Literatura Comparada pela Universidade Federal de Santa Maria, com projeto que envolve as áreas de Música e Letras. Na área de Letras, pesquisa o dialogismo de Mikhail Bakhtin e as conexões polifônicas com a música. Atualmente é professor do Departamento de Música da Universidade Federal de Santa Maria, do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFSM, assim como da Pós-Graduação/ Especialização em Música da mesma instituição.

Références

BAL, Mieke. Narratologia: introdução à teoria da narrativa. Tradução de Elizamari Rodrigues Becker [et al.]. Florianópolis: Editora da UFSC, 2021. 304 p.

CARVALHAL, Tania Franco. Literatura comparada: a estratégia interdisciplinar, Revista brasileira de literatura comparada, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 9-21, 1991. Disponível em: <https://revista.abralic.org.br/index.php/revista/article/view/1/1>. Acesso em: 21 jun. 2022.

CARVALHAL, Tania Franco. O próprio e o alheio. Ensaios de literatura comparada. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2003. 164 p.

CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos. 34. ed. Tradução de Vera da Costa e Silva... [et al.]. Rio de Janeiro: José Olympio, 2020. 1096 p.

COUTINHO, Eduardo. Literatura comparada: reflexões sobre uma disciplina acadêmica, Revista brasileira de literatura comparada, Porto Alegre, v. 8, n. 8, p. 41-58, 2006. Disponível em: <https://revista.abralic.org.br/index.php/revista/article/view/113/114>. Acesso em: 21 jun. 2022.

DOURADO, Autran. Os sinos da agonia. 4. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. 336 p.

DOURADO, Autran. Uma poética de romance: matéria de carpintaria. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. 232 p.

GALTER, Vidal. Dicionário da música: instrumentos, teoria musical, danças, festas, ritmos, definições e conceitos gerais, folclore e ilustrações. Brasília: Vidal Galter, 2013. 324 p.

GENETTE, Gérard. Figuras III. Tradução de Ana Alencar. São Paulo: Estação Liberdade, 2017. 360 p.

GROVE. Dicionário Grove de música: edição concisa por Stanley Sadie. Tradução de Eduardo Francisco Alves. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.

KIEFER, Bruno. História da música brasileira: dos primórdios ao início do séc. XX. Porto Alegre: Editora Movimento, 1976. 132 p. (Coleção Luís Cosmo, v. 9).

LINS, Osman. Lima Barreto e o espaço romanesco. São Paulo: Ática, 1976. 161 p.

OLIVEIRA, Solange Ribeiro de. Literatura e música: modulações pós-coloniais. São Paulo: Perspectiva, 2002. 224 p.

SCHAFER, Raymond Murray. A afinação do mundo: uma exploração pioneira pela história passada e pelo atual estado do mais negligenciado aspecto de nosso ambiente: a paisagem sonora. 2. ed. Tradução de Marisa Trench Fonterrada. São Paulo: Editora Unesp, 2011. 382 p.

SOUZA, Eneida Maria de. (Org.). Autran Dourado. Belo Horizonte: Centro de Estudos Literários da UFMG, 1996. 114 p. (Coleção Encontro com Escritores Mineiros, v. 2).

STENDHAL. O vermelho e o negro: Crônica de 1830. Tradução de Raquel de Almeida Prado. São Paulo: Companhia das Letras/Penguin, 2018.

WERLANG, Gérson Luís. A música na obra de Erico Verissimo: polifonia, humanismo e crítica social. Passo Fundo: Méritos, 2011. 389 p.

Téléchargements

Publié-e

2022-06-30

Comment citer

Gonçalves, A. C. ., & Werlang, G. L. (2022). Um estudo sobre aspectos musicais e a paisagem sonora de Os sinos da agonia, de Autran Dourado. Signo, 47(89), 21-29. Consulté à l’adresse https://online.unisc.br/seer/index.php/signo/article/view/17240