Conceptualização de órgãos sexuais e identidade de gêneros: tabu e preconceito

Autores

  • Patrícia Oliveira de Freitas Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC); Centro Unificado Brasileiro de Educação (CBM-UNICBE Centro Universitário)
  • Sandra Pereira Bernardo Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
  • Fernanda Carneiro Cavalcanti Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

DOI:

https://doi.org/10.17058/signo.v42i75.9835

Palavras-chave:

Gender identity. Metaphor. Prejudice. Sexual Organs. Tabuism.

Resumo

Em pesquisa de mestrado (FREITAS, 2017), observaram-se os processos cognitivos que subjazem à construção de sentidos de piadas com emprego de nomes populares dados à vulva e ao pênis. Os dados, analisados fundamentalmente sob a ótica da Teoria da Metáfora Conceptual (LAKOFF; JOHNSON, 1980) e da Teoria da Integração Conceptual (FAUCONNIER; TURNER, 2002), demonstram depreciação nos nomes dados à vulva em oposição aos nomes dados a pênis. Verificou-se, com base nesses dados, que o acionamento do conhecimento convencionalizado dos falantes relativo a determinadas partes do corpo perpassa pelo âmbito do tabu linguístico (ULLMANN, 1966; GUÉRIOS, 1979). Nesse sentido, existem formas de contornar a restrição vocabular, utilizando-se de comparações que se pautam, predominantemente, em relações vitais de REPRESENTAÇÃO e ANALOGIA (FAUCONNIER; TURNER, 2002). Além disso, constatou-se que, para contornar a restrição vocabular moralmente estabelecida, são ativadas metáforas conceptuais gerais dos tipos PESSOA É OBJETO, (PARTE DO) CORPO HUMANO É OBJETO, PESSOA É ANIMAL, (PARTE DO) CORPO HUMANO É ANIMAL e (PARTE DO CORPO DA) PESSOA É PLANTA, que estruturam metáforas conceptuais mais específicas, tais como PÊNIS É OBJETO ERETO E RIJO, PÊNIS É OBJETO CILÍNDRICO E RETO, PÊNIS É AVE, VULVA É OBJETO CURVO, VULVA É MATAGAL e VULVA É RECEPTÁCULO DO PÊNIS. Pretende-se, com este trabalho, ilustrar a conceptualização dos nomes dados à vulva sob a perspectiva da construção da identidade de gênero, levando-se em consideração os valores culturais e experienciais subjacentes a essas metáforas do pensamento e, consequentemente, a tais designações de valor depreciativo.

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Biografia do Autor

Patrícia Oliveira de Freitas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC); Centro Unificado Brasileiro de Educação (CBM-UNICBE Centro Universitário)

Mestre em Linguística pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Especialista em Língua Portuguesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professora de Língua Portuguesa da Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC). Professora do Centro Unificado Brasileiro de Educação (CBM-UNICBE Centro Universitário). Desenvolve estudo em Linguística Cognitiva com ênfase nas teorias da Mesclagem Conceptual, dos Espaços Mentais e da Metáfora Conceptual.

Sandra Pereira Bernardo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Graduada em Letras – Português-Literaturas – pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1990), Mestre em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1995) e Doutora em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002). Professora Associada do Departamento de Estudos da Linguagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Professora Agregada 2 do Departamento de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Líder do Núcleo de Estudos Linguagem em Uso e Cognição (NELUC), registrado no Diretório de Pesquisa do CNPq. Desenvolve pesquisa em Linguística Cognitiva, com estudos sobre Mesclagem, Metáfora e Gramática de Construções. Exerce atividade docente nas áreas de Linguística, Língua Portuguesa e Produção Textual. Atua no Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (área de Linguística).

Fernanda Carneiro Cavalcanti, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Graduada em Letras – Português-Francês – pela Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro e em Études Françaises pela Université de Nancy II. Mestre em Letras pela Universidade Federal Fluminense. Doutora em Linguística pela Universidade Federal do Ceará com estágio doutoral no Laboratório de Psicologia Experimental do professor Raymond Gibbs da University of California, Santa Cruz. É Professora Adjunta do Departamento de Linguística da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Participa dos seguintes grupos de pesquisa: GELP-COLIN registrado no Diretório de Pesquisa do CNPq e liderado pela professora Ana Cristina Pelosi; do grupo de pesquisa GESTUM registrado no Diretório de Pesquisa do CNPq e liderado pela professora Solange Vereza e do grupo de pesquisa NELUC, registrado no Diretório de Pesquisa do CNPq e liderado pela professora Sandra Bernardo (UERJ). Participa igualmente do projeto internacional MetBib Brazil, coordenado pela professora Ana Cristina Pelosi em parceria com a professora Aneider Iza da Universidad de la Rioja Tem experiência na área da Ciência da Linguagem, com ênfase em Linguística Aplicada e Linguística Cognitiva, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de língua, semântica cognitiva e teoria da metáfora conceptual.

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Publicado

2017-09-11

Como Citar

Freitas, P. O. de, Bernardo, S. P., & Cavalcanti, F. C. (2017). Conceptualização de órgãos sexuais e identidade de gêneros: tabu e preconceito. Signo, 42(75), 104-112. https://doi.org/10.17058/signo.v42i75.9835

Edição

Seção

VIII Conferência Linguística e Cognição