Breve estudo sobre os usos dos termos empréstimo e estrangeirismo na tradição linguística em língua portuguesa
DOI:
https://doi.org/10.17058/signo.v45i82.14356Keywords:
Neologia, Empréstimo, Estrangeirismo, Terminologia Linguística.Abstract
Na literatura linguística tradicional em língua portuguesa, em capítulos e obras dedicados à Lexicologia, encontram-se diferentes usos e definições para os termos empréstimo e estrangeirismo. Tais conceitos estão relacionados ao processo neológico pelo qual uma unidade lexical de um sistema linguístico passa a fazer a parte do léxico de outra língua, de maneira provisória ou definitiva. Esse fenômeno de ampliação lexical é, segundo Alves (2002), chamado de neologia por empréstimo. Imprecisões terminológicas aparecem com o uso de estrangeirismo: para a maioria dos pesquisadores, é o ponto de partida do processo, mas há estudiosos que consideram estrangeirismo não só a primeira etapa, como o processo e seu resultado, caracterizando-o como sinônimo de empréstimo. Existe também quem argumente que, enquanto o elemento for sentido como estrangeiro, será tido como estrangeirismo. Com base em teorias e pesquisas de autores como Guilbert (1973), Biderman (2001), Alves (2002), Carvalho (2010), Pruvost e Sablayrolles (2012), realiza-se um estudo léxico-semântico dos usos dos termos empréstimo e estrangeirismo em obras de referência da Linguística, publicadas em português. Os resultados mostram que, na constituição da terminologia da área, filólogos e gramáticos empregavam prioritariamente o termo empréstimo. Com o fortalecimento da Lexicologia e com o aumento do interesse pela neologia por empréstimo, ocorreu a popularização desse termo que, polissêmico, passou a concorrer com estrangeirismo. Acredita-se que contribuem para a imprecisão terminológica a questão ideológica envolvendo o emprego de estrangeirismo e a influência de obras internacionais, que implica em sucessivos processos de tradução não especializada.Downloads
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